quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Lágrimas
era uma lágrima que queria ver correr dos teus olhos. agora vidrados. antes que tos fechassem para sempre. o adeus que não pressentiste e de ti escondi.
agora tudo é inútil. as pequenas mentiras, as farsas, os jogos... tudo quanto era preciso, para levar de ti, a dor.
quando aqui chegaste, olhaste em volta, pousaste a televisão pequena numa mesa, a um canto e disseste com um sorriso nos lábios, finalmente instalado no meu quarto de hotel!
brincavas, brinquei também. e sabia tantas verdades, que de ti escondia.
nos lábios que a seguir beijaste, não sabes quantas palavras calei. todas em turbilhão no meu peito onde, tantas vezes, a tua cabeça poisou.
prepararam-te para entrares no bloco. segredaste-me ao ouvido um até já e, num sorriso dos teus, um ainda te amo.
voltaste como te vejo agora. um e dois dias, assim.
que coisas deixaste para me dizer?
porque não falámos nós de tudo?
(se me faz falta o teu sorriso? é das lágrimas, meu amor, é das lágrimas, de tas beijar e secar. de te apertar em meus braços e confortar. e dizer adeus, até já. é disso que tenho falta.)
antes que te levem de mim, digo-te um até logo no sitio do costume. tu sabes.
agora deixo-me chorar. as minhas lágrimas molham o teu rosto também. como se chorássemos os dois.
a ti já te fecharam os olhos.
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