Aprendi que quando se espera o tempo tem folhas grossas e pesadas que parecem impossíveis de desfolhar. Tudo parece longe e distante. Impossível.
Só tempo da felicidade é como o papel da Bíblia que a minha avó desfolhava cuidadosamente. Quase transparente. Ao mínimo descuido, soltavam-se as páginas, perdiam-se as palavras, ia-se o encanto.
Sempre lida em recato, longe do bulício de algum vento que lhe soprasse as folhas e lhe imprimisse a velocidade que a leveza de tal papel, com sonhos de voar, tinha.
Tão frágil!
Ah! Esventrar tal livro e fazer dele um oceano imenso, onde barcos, de papel feitos, vencessem as distâncias, pelo tempo das palavras que a pouco e pouco não seriam mais que seiva ... alimento para outros, mais tempos.
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