domingo, 4 de janeiro de 2015

as palavras

às vezes as palavras, incomodam-nos. como aftas. espetando-se em cada canto da boca. e atropelam-se em cantos que não suspeitamos.no cheiro bafiento das memórias, onde as angústias se encostam. há fileiras descontroladas que não sabem da sua vez. nem da voz. lembram salas de espera em hospitais cheios onde os olhares vazios colhem a dor. que não sabem de onde vem. não sabem elas que de nada lhes vale o incómodo de se fazerem neste reboliço. a ingenuidade e a inocência é coisa antiga e todas as memórias fazem história em cada uma. ninguém saberá o nome da febre que as assalta nem o antídoto para tal incómodo. resta-nos dar-lhes abrigo. mesmo que nos doa. mais forte que a dor duma facada. que não as enxerta.

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