Acontecer é um verbo faminto. De mãos de vontades e acasos. Sem tudo isto, nada é. E quando acontecer se desdobra aos nossos olhos, outros verbos se fazem. Inadvertidamente. Mesmo que propositado seja.
É difícil saber quando tudo começa. Onde nasce este imprevisto que se faz acontecido.
Quando, onde, porquê e a quem são perguntas que desfiamos mesmo que estejamos ávidos de acontecer. E ainda assim no verbo feito tudo paira no espanto ou admiração do que ocorre.
Pode ser o desejo. Pode ser a força de querer. Assim alimentada no peito. Mesmo sem saber. O fruto advém. E tudo começa. Parido o momento outros se fazem. Passo a passo na mesma sequência decorre. Seja o que for. Pelo tempo que a expiração durar. Porque a cada inspiração renasce. E a caminhada se desenha.
Como verso a verso nasce o poema. Acontecimento a acontecimento cumpre-se a vida. Desenrolando-se o novelo, crochetando tudo quanto as mãos aprendem a quanto nos calha no transcorrer dos dias.
Somos o que resulta. Somado tudo o que se faz. Aparecido a tudo o que surge. Cumprindo-se a razão de viver. Haja o que houver. Até que nada assome ao nosso olhar e a respiração adormeça no útero da terra.
domingo, 3 de junho de 2018
Acontecer
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