Tenho em meu peito, ancorado, um barco.
Há muito tempo parado.
Águas calmas e serenas, fazem-no balancear suavemente. Sei-o ali. Pronto a viajar.
E no entanto, deixo-me ficar. Vejo chegar, quem chega e partir, quem parte.
Não tenho sede, ainda, de me fazer aos ventos.
Ouço-lhe as melodias, conheço-lhe as falas. E sei ainda dos bailados que em coreografias imprevistas, ensaia nos passos da vida.
Um dia, levantarei a ancora. Não precisarei de remos. Meu coração ditará o rumo e do meu peito em direcção ao teu, viajarei.
E o barco? Voltará ao ancoradouro que no meu peito construí. Para todas as viagens que ainda tenho de fazer. Para todas as partidas e regressos que o meu coração marinheiro ainda souber fazer.
Nem que seja para sair de mim.
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