Já não tenho memória do tempo que passou. Sei que se foi amontoando entre nós de forma desorganizada. Pedaços deixados aqui e ali sem hora marcada e sem qualquer aviso deixaram-nos perdidos de nós em espaços que não conseguimos já vislumbrar.
De tempos a tempos, uma palavra, um gesto até mesmo um cheiro me fazem regressar a um sítio em penumbras que tento descobrir. Ausento-me do que faço e parto à procura do que deixei para trás. Como se precisasse de refazer rotas no mapa amarelecido que acabo de descobrir.
Faço então, notas. Curtas, sintéticas. Percorro passo a passo os caminhos doutros tempos.
Resumo em poucas linhas tanto que ficou para trás. Uma página apenas. Uma vida numa página.
Amarroto-a. Assim como as memórias que dela tenho. Prefiro-a assim a sabê-la tão pouca.
Terei do que vivemos o que mais importante for. O que nos gestos e nas palavras ficar. Agora sei porque não sou como era. Porque me fiz como sou. Porque serei outra ainda. É tudo quanto importa de quanto não me lembro.
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