sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Não esperes

Não esperes que deixe outras mãos substituírem as tuas no meu corpo. Não enquanto as souber de cor. Não enquanto lhes conhecer os traços e aquela tão tua peculiar forma de me acordares as vontades que nem eu sabia ainda que tinha. Seria um pandemónio de vozes a agitarem bandeiras e a colarem panfletos nestas paredes ainda cheias de ti.
Outras bocas na minha? Onde os teus lábios ainda agora me sabem numa memória redonda, num vaivém, onda tranquila, sabor a pasta de dentes e chiclete e a ti e a mim? Não o sonhes sequer.
Ah e as palavras. Ouvirei outras e tantas. De outros também. Ditas e escritas. Lê-las-ei. Ouvi-las-ei. A todas atentarei. Mas só às tuas darei guarida. Porque só elas me sabem decifrar.

Viajarei, meu amor, estaremos ausentes talvez. A vida passará por mim, por nós.
Tu só passarás se assim quiseres. Se os tempos forem curtos e as lembranças mornas, ficarás sempre comigo. Terás os códigos e as memórias do teu lado.

Se assim não for... serás talvez um dia o amor de alguém, mas não o meu.
E então, talvez eu deixe que outras mãos, outras bocas, outras palavras me levem para longe de ti!

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