volto
a casa. dizem-me os caminhos. contou-me minha mãe. e nada sei do
lugar aonde volto.
a
não ser que lhe pertenço.
as
pedras, que sabem elas? guardados no silêncio os segredos que lhes
procuro, nada me dizem.
os
pássaros, que vêem eles? no canto livre dos chilreios nestes céus
que bem cedo me olharam que coisas puderam eles cantar?
e
sei que tudo está igual por onde passo. julgo até ouvir pelas ruas
a voz da minha mãe, quem sabe a de meus irmãos dos quais já não
sei a cor dos olhos. e vejo o olhar dos velhos que não sabem quem eu
sou. a velha casa onde nasci. porque mo disseram. gente alheia aos
meus olhos e sábia do meu passado. de minha mãe e dos passos a
caminho da escola a dar as primeiras letras. há tanto tempo!
nesta
terra vazia, ancorada onde a minha infância naufragou, sobra o pó
quente, bafo deste sol que adormece os invernos duros. como a terra
que os embala.
já
não correm meninos nestas ruas. vestem o seu melhor fato na moldura
que fica ao lado da cama. que no último fechar de olhos voltem aos
braços vazios de quem os chora. no medo de não saber deles. tão
longe que foram!
agora
há gente que parte para sempre. com a saudade na bagagem. poucos os
que ficam. sempre à espera de quem chega.
volto
a casa. para a levar nos meus olhos. embaciados.
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