terça-feira, 13 de novembro de 2012
as gaivotas
diziam que o peixe acabara
mas a fome, não.
que o dia estava a meio
mas a fome, não.
falavam um dialeto estranho
mas a fome, não.
voavam de asas aberta
mas a fome, não.
às vezes voavam para o meio do mar
mas a fome, não.
outras vezes descansavam no areal
mas a fome, não.
no entanto faziam uma ou duas coisas
que lhe lembravam a fome
que trazia cozida no bolso abaixo
do coração
uma gritaria enorme
que lhe espantava a alma
e lhe rebentava os tímpanos
da fraqueza que trazia
amarrada
aos braços de onde lhe pendiam
inúteis mãos.
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