segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Terra molhada
Lembraste de como éramos, não sendo, ainda tontos de tudo a cair em nós?
Como a chuva miúda que se infiltra devagarinho e nos deixa um cheiro a chão molhado. E as folhas a ganhar cores mais vivas, como as borboletas que agora voam dentro de nós. Loucas, em correrias, no peito a bater. E que fazer? Que fazer?
E agora que somos, que fazemos dos voos, ainda por voar?
(Das chuvas eu sei. Escondi os casulos num lugar ao sol.)
Guardei-te as memórias em bilhetes dobrados que diziam assim, vale a pena voltar e deixei-os ali à mão. De quem se quisesse lembrar. De quem quiser regressar. Talvez tu ou eu.
E se das mãos cresceram asas, e se das chuvas tempestades, que viagens se farão?
Sabes já como somos?
Agora que te sei em mim. É em ti que me quero saber.
O que vier não importará. Mesmo que ainda sejamos tontos.
Gosto do cheiro a terra molhada!
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