domingo, 12 de agosto de 2012

até sempre


não, ninguém mais a conhece para além dos 6 filhos que o seu ventre alimentou e deu ao mundo e poucos que a amaram a seu modo por tantos sítios onde a vida a fez a mulher que fui conhecendo por intervalos. porque desígnios estranhos me negaram o tempo inteiro.
sei-lhe do nome, em louvores por ter ensinado as letras. de lugares onde punha as mãos, de bordar vestidos, na terra lavrada ou a levantar muros sem um queixume. e o pão na mesa, contado. mas a fome não se ouvia. se-lhe das histórias, da vida contada e do terço nas mãos e a reza em coro no silêncio da noite.
hoje, fazia anos, estaríamos todos à volta da mesa, duma mesa qualquer. e voltavam as histórias e os risos. (gostava de a ouvir rir) depois dir-nos-ia o que fazer com a cadeira e o banco, os lençois e as colheres, quando morresse. queria-nos bem.
era uma mulher forte e grande.capaz de amar, muito. e de perdoar também. tinha um orgulho enorme nos filhos. uma mulher com coração tão grande que não cabia dentro dela. por isso a levou muito cedo. por ser tão grande.
hoje cada um de nós almoçou em sua casa e não lhe cantámos os parabéns. mas agradecemos-lhe a vida que nos deu e ter feito parte de nós, pelo tempo que foi.
obrigada, mãe. gosto muito de ti, sabes? e no meu coração mais pequeno que o teu ainda estás e guardo-te,combinado?
até sempre.

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