foto de António Fernades
vem,
e eu fui. pelos teus olhos,
nos meus de espanto.
o sonho a fazer-se de cores e cheiros,
antes arrumados
na prateleira dos desejos.
desembrulhar os véus transparentes,
lançá-los ao ganges
e colher na água dos deuses todas as graças.
tocar os sorrisos tristes, os rostos cansados,
fazê-los da cor que incendeia
os mercados.
e espiar a paz.
em nada ter.
nos lugares de memórias distantes
e dentro de cada um.
num rio que a todos banha.
por momentos ser-se o avesso
às claras de toda a gente.
e a alma de um povo que se despe
aos olhos de quem sente.
uma terra a gemer cansaços,
a cantar de alegria, a carpir tristeza,
em oração.
uma terra viva. a pulsar
em cada olhar.
há uma embriaguez de cheiros
a explodir nas cores
que emolduram as histórias
ainda por contar.
e o tempo a atropelar-se na pressa
de se findar.
ainda a viagem não acabou
e a saudade de voltar já fez promessa.
porque se nas mãos se escrevem
gestos,
é nos olhos que se gravam as memórias.
volta, dizes-me,
voltarei.
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