de repente percebeu
tudo tinha acabado, já.
como se não houvesse passado.
e hoje fosse apenas
uma tela clara
e aí pudesse pintar
todos os amanhãs
livres de memórias empoeiradas
e cheias de arestas por polir.
sorriu
e sacudiu o que pudesse
restar.
nada lhe gotejou
por entre os dedos
que agora
se aprontavam a escrever
palavras esquecidas.
há sempre um
tempo que espera
a cadência dum poema
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