domingo, 13 de novembro de 2011
sem ti
colheu, uma a uma
todas as letras que conhecia
fez do seu regaço, casa
para as poder ver brincar.
sufocavam
sequiosas
de ar livre, de sonhar
correu com elas ao rio
e deitou-as
para navegar.
olhou-as a dançar da margem
a fazerem cordões
e a inventarem palavras
a cada passo de dança
a cada gole de ilusão.
deram nome a quanto viram
com cada letra
entre si
mesmo espalhadas
voltaram
ao rio
de onde partiram.
mas um dia foram
mar
e nas ondas salpicos
de palavras tocadas
pelo vento como se
cabelo fossem.
e na areia espuma
bordada
em jeito de poema
na voz mansa do mar
e no rugido feroz
a voz antiga das letras
que precisa de gente
para as dizer,
sem ti
no mar vão morrer.
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