longe das coisas guardadas
nas palavras
a rebentar.
ninguém o adivinhava
naqueles dedos em veludo
a ensaiarem ternura
nos olhos viajantes
cor de terra até ao céu
por onde engolia o mundo
e se deixava sonhar.
e aqueles braços abertos
sempre em laço a fazer-se
quando de asas não eram
faziam margem ao colo
de quantos a habitaram
era assim que o queria.
da boca ninguém esqueceu
sabiam-na cor de romã,
e do riso que ainda ecoa
das palavras que espalhava
como se só semeasse
que brincava, era criança
nunca soubera crescer
e ainda assim
quando um dia lhe abriram o peito
encontraram um velho coração
despedaçado
mas
foi muito tempo depois.
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