domingo, 27 de novembro de 2011

lembrar

lembras-te se choveu naquela tarde? sei que dentro de ti chovia. naquele alpendre que tu cobrias de gargalhadas e onde todos se abrigavam. só tu não tinhas espaço para onde pingassem as tuas chuvas. e também elas te molhavam. dizias que gostavas dela. da chuva. mas sei que te doía. um ping-ping que te martelava os dias e só tu ouvias. ninguém mais lhe dava ouvidos.
lembras-te por mim, eu sei. não me querias de caracóis. e corrias para eu manter a lisura. e eu corria para fugir ao tempo. corríamos os dois das mesmas coisas e não o confessávamos. lembrar era a ultima coisa que queríamos fazer.
e quando à noite, cansados, me tiraste a roupa que me atrapalhava o corpo na urgência do desejo e me levaste para a cama, apeteceu-me que apenas fossemos eu e tu. estava já farta de fantasmas.

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