sábado, 17 de dezembro de 2011
Derrotada
Conhecera-o como se conhecem as pessoas em tempos apressados em que os olhares não se cruzam e só nos ecrãs em mensagens se tocam. E foi com palavras de teclas batidas que se fizeram as conversas. A principio tímidas, mas rapidamente tecidas e apetecidas. Saltaram espaços contidos e tomaram todos os que estavam vazios. E eram muitos.
Ela não tivera a intenção de ficar. Foi ficando. Ele talvez não soubesse que a queria ali, mas precisava dela por pequenas coisas. Fazia-lhe bem.
Foram descobrindo e mostrando tanto de que gostavam. Rindo de tudo e de nada.
Quando ele se perdia ela levava-o a encontrar-se. Sorriam.
Às vezes ele fechava-se. Agora não, dizia.
Ela calada, com a tristeza a rebentar, anuía. Haveria o tempo de o poder ouvir.
Era o que mais lhe custava. Saber que ele se enterrava naquela escuridão que desconhecia e se cobria de silêncio. E nada podia fazer.
E era assim muitas vezes. Até voltar e sem nada dizer falar de coisas vulgares.
Dizia-lhe, tenho um lado negro. E ela pensava que lho ia iluminar.
Pensava.
Mas conheceu a felicidade. Há muito que não se sentia assim. Nem ela, nem ele. Momentos que valiam por vidas. Pequenas coisas que os tocaram duma forma eterna. Julgaram-se almas gémeas. Acharam-se predestinados. Que tudo na vida deles tinha acontecido de forma a encontrarem-se agora e desta forma...
Ele pediu-lhe que ela nunca o deixasse. E ela prometeu-lhe que não o faria.
Apesar da distância ficaram juntos. Não fosse ele ausentar-se cada vez mais naquele espaço que ela desconhecia e não podia entrar.
Pediu ajuda a toda a gente. Batalhou com todas as forças. De mãos vazias nesta guerra, foi ao chão ferida e magoada.
Como podia ficar com ele, se ele não a deixava entrar?
Derrotada, pediu-lhe que a deixasse partir.
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