sexta-feira, 29 de agosto de 2014

desa(r)mar-te

desa(r)mar-te. e concluir da tua nudez aos meus olhos embriagados. que nada me és. onde te aninhaste no desejo de te querer.
desa(r)mar-te. e inútil transpareceres. por nada de mim teres.
desa(r)mar-te. assim. onde a cegueira acaba. e a luz nos farta os olhos. como se fossemos deserto e boca ávida de arejo. em fontes que nos queimam as mãos. prenhes. de futuro.
desa(r)mar-te. e voltar ao tempo de não saber onde estás. um caminho a dizer palavras que me gemem aos ouvidos. e uma ladainha nos lábios.
desa(r)mar-te .

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

esta luz

ah, esta luz escancarada que me devolve o espelho. esta verdade inteira que os dias escrevem. sempre. porque de esquecimentos não sabem. acordados são como se primeira vez fosse todas as manhãs. e de memórias não precisassem. apenas de alinhavos vivessem. na costura desta pele que nos veste o corpo no amanho da vida.

e se ela não se fizesse, como juntaria eu os meus pedaços?

sábado, 9 de agosto de 2014

há um sol


 foto da net
há um sol onde se abrem as flores. ainda que cinzentos os dias. ainda que tristes as mãos. e uma luz que se acende. ainda que os olhos cansados se fechem. esquecidos de amanhecer.
não há chão bravio que não acolha a semente. ainda que muito tarde. ainda que muito frágil.
há um sol onde se abrem as flores.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

mãe



já não está comigo. não estivemos muito tempo juntas quando era o tempo de estar. caminhos que a vida nos fez andar. em lados diferentes.
agora quando cuido das minhas flores, acho que a trago aqui perto de mim. não sei como, converso e o sorriso cresce onde as palavras só a nós pertencem. que sei eu? acho-me tola de a trazer aqui a este canto. e faço dele a casa onde ela gostaria de ficar. cuidando das folhas mortas e de calar a sede às mais sequiosas. naquelas mãos tudo crescia como eu não sei fazer. talvez agora o faça melhor. de tanto a escutar. no mansinho das tardes quando olho as flores e me acho com ela. sorrindo. sempre.