O dia é meu. Abraçado contra o peito. Dia amado na bênção de aqui estar. A entrar nos olhos dentro. Como se amarasse ao cais da chegada.
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
terça-feira, 4 de outubro de 2016
Despedidas
As despedidas fazem-se a toda a hora. No caminho que agora se faz. Não há voltar quando se sai. Todos os lamentos são escusados. Adia a pressa.
És apanhado
És apanhado. Onde quer que seja, és apanhado. A fuga é o último refúgio. E mesmo aí te apanham.
Redime-te. Encontra-te com a vida. Mansamente.
Não sei
Não sei que língua fala o vento. Ou a calmaria que me apaga os dias. Não sei o que me dizem. E no entanto estremeço quando os ouço.
Gota a gota
Gota a gota. No segundo interminável da dor. A promessa do alívio. Igual a todas as promessas. Inalcançável.
Às vezes
Às vezes chove no teu riso. Como se houvesse a vontade de apagar esse lume que te acende o rosto. E acolhes a chuva porque sacia a sede, onde a secura dos medos morde a raiz.
És casa e corpo onde a alegria mora.
Distância
Não sei onde me guardas a voz, se falas outras línguas que não me saem da boca. E a distância cresce mesmo estando juntos.
Pó
O chão colhe-nos a vida inteira.
Nos passos, mesmo que arremedados,
ainda curtos,
e na luz que se desprende do corpo,
mesmo que negra.
Um dia engole-nos, para nos devolver ao que somos.
Pó. Que doutra coisa não somos feitos. Ainda que temperados pelo sal dos olhos.
Ah, fossemos asa e as nuvens seriam a casa de todas as águas. Onde nos faríamos barro.
Moldado por nossa vontade.
Parece
Parece que a noite vive dentro de cada um de nós. E só a luz do dia a desvenda. Deitando-a a nossos pés.