segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
em cada instante
em cada instante
o tempo a crescer-me
nas mãos,
ainda agora dobrava
a esquina
onde se desfolhavam
as despedidas
e já se escrevem
no gesso fresco
por onde passo
as palavras
que ainda não
te sei dizer.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
sôfrega
colho, sôfrega, os intervalos lentos
que pousam nesta invernia areia
onde vagueiam só
na língua do vento as vozes
que antes acostaram onde bate
agora um coração a pedir abrigo
nas tuas mãos
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
de volta
de telheiros onde os sorrisos vertiam nos lábios
em que ardiam os teus beijos
e a chuva espantava os pardais
que em revoada alvoraçam
este peito cheio do teu.
e nada mais lhe cabia.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
hoje é natal
no escancarado peito
de revoltas ondas,
onde o frio queima o tempo
passado
a incendiar o grito
das manhãs que o sonho
antecipou,
nasce a primavera
dum tempo inocente
ferido na dor
que lhe veste a pele.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
neste meu chão
não te sabem as palavras,
melhor
que os olhos,
cegos na luz de te querer.
na tontura destes dedos
onde me desmaiam
vontades de te saber
cabem todas
as pressas anunciadas
das primaveras
onde me nasces
flor
neste meu chão.
são palavras
são palavras que se arrastam
na chuva agreste
do silêncio
que o tempo entornou
no beiral adormecido
das ruas
que os teus passos
esqueceram de acordar.
voam cansadas
de chão
a sonhar céus
onde os olhos não alcançam.
chovem saudade
de partir.
sábado, 8 de dezembro de 2012
não fosse
tinha nas costas o largo passado atravessado. caminho cruzado a braçadas, no diário acordar, ainda que de olhos presos ao sonho fresco da noite mal acabada. e tudo se reiniciava. preso na roda onde, mal amestrado, tropeçava na pressa de escapar. era lá, bicho de estimação!
queria-se nas vagas azuis que lhe prometia o olhar perdido no céu a confundir-se no mar. em horizontes vagabundos que sempre lhe fugiam a troco do preço de ser só mais um.
ah! não fosse a boca ter fome e não havia prisão.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
banco de jardim
cai-te aos pés o estilhaçar dum vidro arrumado na janela onde espreitavas, ao cair das luzes, uma vida que já não te pertence.
do abraço onde agora faltas ficou-te a memória escancarada nos bancos de jardim.
é no cheiro das flores que adormecem as carícias que um dia espalhaste pelo ar.
e agonizas por te ver, onde não estás.
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
you´re next!
salva-te essa tristeza de que te cobres. é esse o país para onde emigras. e te acolhe de braços abertos.
e nada mais restar. e ser tudo já tanto. demais para o pouco que de ti fizeram.
you´re next!
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