sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

noites

gosto das noites quietas. longe de tudo. intervalos onde me deito. tranquila. e deixo que o escuro aconteça. apagando a pouco e pouco sons e luzes. como se surda e cega me pudesse ver e ouvir melhor. neste pousio. onde me deixo cair.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

ainda assim

nada é muito para quem se dá inteiro.
e a riqueza a sobrar-lhe nas mãos que de nada mais sabem além de repartir.
feita a colheita das dores. no regaço arrecadadas. não se façam elas semente em mão alheia. impiedosa.
ah, estes rios que sulcam o rosto dos dias. quantos de nós levam, assim sem aviso. e de tanto ter. nada valer.

nada é muito para quem se dá por inteiro. e ainda assim a vida a mingar.

domingo, 4 de janeiro de 2015

as palavras

às vezes as palavras, incomodam-nos. como aftas. espetando-se em cada canto da boca. e atropelam-se em cantos que não suspeitamos.no cheiro bafiento das memórias, onde as angústias se encostam. há fileiras descontroladas que não sabem da sua vez. nem da voz. lembram salas de espera em hospitais cheios onde os olhares vazios colhem a dor. que não sabem de onde vem. não sabem elas que de nada lhes vale o incómodo de se fazerem neste reboliço. a ingenuidade e a inocência é coisa antiga e todas as memórias fazem história em cada uma. ninguém saberá o nome da febre que as assalta nem o antídoto para tal incómodo. resta-nos dar-lhes abrigo. mesmo que nos doa. mais forte que a dor duma facada. que não as enxerta.