terça-feira, 25 de março de 2014
na minha rua
na minha rua em lugar de estrelas erguem-se os postes, miradouros que os pássaros cuidam no poisar dos voos. alcançam o dia que vem e o que agora acaba pedindo alívio. no silêncio que teima em vir. interrompido por quem demora a chave que anseia o sossego da porta. e o cair das pestanas. nesta rua que não é só minha e tem a altura dos meus olhos.
terça-feira, 18 de março de 2014
sabes lá tu
sabes lá tu a hora de partir. como nunca a hora de chegar, mesmo no desejo marcada se sabe. e doem-te já os braços de nada teres. por muito longe que os estendas. e os olhos muito alcancem. na pouca visão que ainda guardam. são mais os rios que bordas na cordilheira desabitada da tua pele que os barcos que os navegam. não há cais que tudo guarde nas noites de maior tormenta.
sabes lá tu a hora de partir. nem mesmo se ainda aqui estás. se tanto te afundas nessa casa de pensar.
silêncios
deixa que entre os lábios soprem os ventos que as árvores pedem. de ramos quietos as palavras gemem silêncios onde os pássaros adormecem. e os pesadelos florescem.
segunda-feira, 17 de março de 2014
o norte
há em todos os pontos cardeais um norte. se o norte for o destino de andar. e andar for a vontade do caminho a desenrolar-se onda na maré dos dias.
brisa fresca na saliva que cuida da secura nas palavras. tantas, presas, onde se afundam os pés na angústia do abismo.
ai se fossem nuvens no céu da tua boca e um só rio lhe mordesse o voo.
brisa fresca na saliva que cuida da secura nas palavras. tantas, presas, onde se afundam os pés na angústia do abismo.
ai se fossem nuvens no céu da tua boca e um só rio lhe mordesse o voo.
sexta-feira, 7 de março de 2014
pássaros
ah,
se morrerem as árvores, onde pousarão os pássaros? assusta-me o vazio
onde sossega o voo parado das aprendizes asas coladas ao corpo que geme
por voos. rente ao chão. como se alto fosse o mirar da semente que se
atreve ao frio no acordar dos dias. rebeldes de se fazerem sem aviso.
saberão ainda soletrar no arrepio das ervas orvalhadas a fala de outros
tempos, ou terão esquecido tudo neste apequenar?
a nudez antiga
da nudez antiga. saber apenas dos cheiros. que não trazem nomes, ainda. visto-os no espanto intrigado entre as luzes envergonhadas que as madrugadas descerram. serão os deuses pirilampos, ocultando enquanto fechamos os olhos os brinquedos que nos ofuscam as mãos em bailados ou apenas pássaros? acredito no chilreio como sendo a linguagem do alto. que não alcanço. como os voos que não faço. tendo asas que não cubro de penas porque me vestem os dias. na procuro dos ninhos. de onde me fiz e voltarei.
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