quarta-feira, 8 de agosto de 2018

As horas

Não. O tempo não fala as horas. Nem as conta. Isso são coisas de gente.
E a vida passa ao lado dessas teimosias. Até que se precipita no fim dos dias.

Não me deixes

Não me deixes. Não me deixes a saudade. Esse vazio onde sobram todas as memórias. Ausente e longe que me ficas.
Sei os mapas dos teus voos. E chove no horizonte dos meus olhos.
Deixando-me, ficas-me. Réstea de esperança no abandono da espera.

Sete

dizes que
o peito tem mais
lembranças que uma memória,
cansada.

sentes que
se rasga a dor
pela mão que abraças
e te crava
o punhal afiado na carne
que lhe serve de cama.

sabes que
ainda te restas do muito
que eras em tanto
que levam no sopro
dos dias
por lugares
onde só voam

abutres