sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

das palavras

já não sei das palavras. perdidas que andam da minha voz. acoitada no silêncio. xaile dos dias mansos.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

o lugar de todas as maravilhas


tinha na cabeça o sonho do circo. lugar de todas as maravilhas. a casa da magia na ponta dos dedos.

e todos os dias se somava nas habilidades a que o corpo pequeno se ajeitava. Subia as escadas do avesso. trepava árvores, mais e mais alto.

 
trabalho de Erica Campos

no ramo desamparado onde os baloiços saltaram para mais longe que ela, dava voltas no desiquilibrio que a levava mais alto. nas gargalhadas.

que o chão ficava-lhe rente ao corpo, solto das tropelias. eram os joelhos arranhados que a levavam a casa. entre lágrimas e ais.

trabalho de Erica Campos
 ao colo da mãe, mirava-lhe os olhos onde brilhavam estrelas. tão perto. mais perto que as altas árvores e os saltos de querer ser gigante não deixavam alcançar.

e era quando o pai chegava, no abraço apertado que ouvia os aplausos dentro do peito a bater.

no quente da cama, aninhava o leão de pêlo. quando as luzes se apagavam, abria as portas ao sonho, embalada pela voz da mãe.

e a magia acontecia. todas as noites. mesmo que não houvesse circo.

a mãe e o pai eram o lugar de todas as maravilhas. a casa da magia na ponta dos dedos.