terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

o frio



dentro estavam-lhe as palavras todas. a germinar. mesmo que o frio crescesse sem destino. e sem dó. nos recantos mais isolados e desconhecidos das mãos. de todas as mãos. tão fundo era o seu modo de esfriar. como se vento fosse a arredar caminho. por entre as memórias. cinza brava. fogo extinto.
e as palavras cresciam. gélidas. a rebentar nos lábios. que os olhos, secos de miragens, eram desertos. longe de tudo.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

não me digas nada agora

não me digas nada agora. fá-lo só quando tiveres a certeza de nenhuma certeza teres. estaremos então certos de tudo.

faltou-me



faltou-me o beijo. e a mão. ao encontro da minha. vazia. amputada do teu corpo. adiado. e sobrou-me esta falta de te olhar. ainda que de olhos turvos pela noite que nos separou os gestos. mesmo no colar dos corpos. humedecidos.
faltou-me o beijo. e a mão. ao encontro deste vazio que agora guardo. para ti.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

aqui

e aqui é a soma de todos os lugares possíveis. esquina de desencontros. cruzamento onde os passos não se atrevem. e as esperas agonizam. em tonturas. antes da queda.. longe dos beirais deste colo. onde cresce o vazio.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

domingo

domingo. um dia antigo onde o descanso se encosta. por leis que o corpo espera an si o sa men te.
assim tu és. ainda que não precise que os homens decretem os dias. ou as horas. que em mim, as ânsias me pedem todos os instantes que em ti habitam.
nesse teu corpo a que chamo domingo. em qualquer momento.
e me encosto para sempre. em descanso.