recordo os cheiros.
alinhados
como os dias
no parapeito do tempo.
as cores das estações a sucederem-se
com o gosto que ainda lhes
saboreio.
retrato da memória que
em mim
vive.
regresso a um tempo
agridoce que não se deixou
ficar.
vive para além de tudo isto.
de mim, das coisas,
de ti.
uma compota
eterna
a deliciar-me os sentidos.
dissolvo-a
de
va
gar
a absorver
cada coisa
que agora deposito
com cuidado
num espaço a que chamo
meu.
afinal sou também feito do que já
fui.
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