segunda-feira, 8 de outubro de 2012

a vontade


a vontade é uma toalha
estendida na mesa onde se põem
os dias.

de olhos remelados pelas névoas da noite
onde o sonho se encostou.
bebe-se o café requentado
dos sabores que a memória tece,
vertem-se as lágrimas e os risos
com o punho aceso da teimosia
enrolada em asas
que não servem para voar.
limpa-se-lhes a boca
onde o espaço minga.
abafa-se o grito de tanto
no torcido pano.

e suja-se,
lambe-se,
remói-se na esfrega
à espera do viço
de quando se nasce.
perde-se a conta às mãos que a bordam
na cura das feridas abertas,

assim. esgaçada ,
rebentam-lhe a força que tem
e desmaia o rubor onde a grandeza
se perde.

sobram agora mesas despidas
onde a vontade se perdeu,
derrotada.
para dormir
em companhia das irmãs
a quem chamaram
fé e esperança.

contam que o medo
é o prato frio
servido sem cerimónia.
em todas as alvoradas.

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