sábado, 30 de janeiro de 2010

Agora


Agora que já não te tenho aqui, procuro fazer-te na minha memória. É curioso como os teus traços apesar do tempo aparecem tão nítidos. Como ainda te sei ver de mãos nos bolsos a deambular.
Apesar de primeiro me apareceres com um sorriso leve, logo te vejo triste e longe. Como te vi da última vez. E não sabia que dizer-te ou fazer-te.
Hoje percebo a tua tristeza pelas conversas que mais tarde tive. Quando se me desvendou mais de ti. E mesmo podendo entristecer-me não o fez. Solidarizei-me na tristeza que tantas vezes me vinha à cabeça e percebi também porque te foste distanciando. Parecendo estranho ficaste então mais junto a mim. E eu a ti.
Visitaste-me vezes sem conta durante noites em anos a fio. Sempre igual e cada vez mais próximo. Sentia a tua presença e quase podia falar contigo. As coisas que eu te queria ter dito! As coisas que queria ter ouvido de ti!
Agora falo-te sem receios mesmo que só me oiças porque aprendi que devo falar do que vai dentro de mim para me entender melhor. Não preciso de mais ninguém.Sei que só tu me entenderás. E de onde quer que estejas me ajudarás a percorrer o meu caminho.
Sei porque te sinto cada vez mais presente. Ainda que ausente.

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