domingo, 31 de janeiro de 2010

Ao cair da tarde


É ao cair da tarde que cais em mim.
Desamordaçam-se, então, as palavras que tenho para te dizer. Não são palavras de passado que tenho para me ouvires. São palavras frescas das madrugadas, por despontar, em que me vejo sem a tua presença.

Hoje queria ter-te trazido aqui, junto a este mar. Olhá-lho-íamos os dois e deixaríamos as palavras correr ao som do marulhar.
Tenho decisões importantes a tomar. Sabes disso. Sente-lo na inquietude da minha voz. Não me perguntas nada. Como sempre. Deixas-me a mim a vontade de to dizer. Sempre que o queira, mesmo quando não podes estar.

Temos qualquer coisa que ninguém pode explicar. Esta sintonia que a tua ida de mim provocou.
Foste-te no último Natal que jamais tive.
Reencontrar-te-ei um dia, quando tu à cabeceira da mesa num sorriso me estendas o prato que nunca mais voltou a ter o mesmo gosto.
E agora voltas só para mim, desta forma.

Sinto-o assim. Sempre que me apetece de novo dançar com os meus pés nos teus.
E ninguém sabe de nós. De tanta cumplicidade!


Sim, eu sei. Estarás comigo seja qual for a decisão que tome. Sempre o fizeste.
Às vezes gostava que falasses comigo também. Que me apontasses o caminho ou que me desses um sinal. Pergunto-me se sou eu que não estou atenta.

Sabe-me bem quando cais em mim ao cair da tarde. Embalas-me as noites dando-me o descanso para o rebuliço dos dias.

Ouves-me para além do marulhar?

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