terça-feira, 19 de junho de 2012

falam-me


falam-me dum tempo maior
onde os meus sonhos cabem estendidos,
espreguiçados
e despidos destes cheiros que me cobrem
a pele escondida em roupas
emprestadas do mano grande
a encharcar as mágoas
que não afundou
no mar,
ali na tasca por onde saem os atropelados
passos
do meu pai faminto da carne
cansada que
de olhos fechados entre pragas
enviesadas
a minha enrugada mãe
lhe entrega.

falam-me e já não me iludo
dentro de mim, vive
um homem
atravessado por todas
estas ruas.

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