quarta-feira, 2 de junho de 2010

Mais ninguem

Tinha uns olhos grandes que falavam. E diziam tantas coisas.
Transparentes como as lágrimas que neles se aninhavam para depois se soltarem em fios de prata.
Ficavam calados e bastava-lhes o silêncio. O silêncio e o trocar de olhares. Como se trocassem palavras.
Tanto mar por navegar naquele oceano enrodilhado onde só ele podia encontrar a ponta.
Falavam a mesma língua nos silêncios que plantavam entre si. E braços como remos faziam a caminhada com a leveza dum beijo soprado noite dentro.
Um rasto de sal, nada mais. Era tudo quanto restava das conversas partilhadas. Testemunho mudo e cego. E só ele para o seguir. Mais ninguém podia partilhar tais segredos.

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