domingo, 22 de maio de 2011

Havia quem o chamasse.


imagem de Paulo Pereira


Na cabeça dele as histórias germinavam todos os dias. Não eram necessárias as chuvas, nem o sol para aí era chamado. Cresciam assim sem pedir licença e desciam-lhe ao corpo todo. Eram tantas que já não cabiam ali. Tantas que tinham de viver fora de si. E levá-lo com elas. E ele ia.

Havia quem o chamasse. Em vão.

Eram talvez sonho, ilusão. Tudo isso parecia aos outros. E nele era o que mais lhe acontecia. Chorava, ria, fazia-se criança e homem. Apaixonava-se, nascia , morria. Ali naquela mesma vida que todos lhe viam. Naqueles dias em que ninguém entrava além do bons dias que raspavam nas esquinas dos voos que lhes rasavam furtivos encontros.

Havia quem o chamasse. Em vão.

Um dia não voltaria mais.


Um comentário:

  1. Que brancura de história! quantas nos batem ao de leve no rosto..histórias de uma vida por iniciar, de uma vida começada, de uma vida por findar..finda.A tua hisória é vida..pulsa nos lugares de todos.. é a vida em respiração...
    sente-se a história na palama da mão..tenho-a aberta...
    maria augusta braga

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