domingo, 1 de maio de 2011

Um adeus


Deixar-se ir ao correr dos minutos sem os contar. Embarcar no tempo esquecida de tomar conta de quanto nele há. Vadiar, vagueando sem rumo. Perder-se mesmo. Despedir-se das memórias, um fardo que a sufoca e amarra na voz que a custo sai arranhada, entrecortada pelo sal das lágrimas, pesadas e teimosas. Para sempre. Lúcidamente, adeus.

Ainda o sorriso, o olhar, as palavras. Sobretudo as palavras e aquele olhar quase perdido. A encontrar-se no dela. Perfeito. O encontro da pele, o cheiro, o sabor, alquimia, vertigem em rodopio. Agora, também e para sempre num arrepio. Evidente.

Ausentar-se é quanto pode fazer. Abandonar quanto ficou perdido naquele tempo. Noutros tempos outras memórias virão. E em lugar de lágrimas crescerão sorrisos.

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