quinta-feira, 29 de setembro de 2011

As palavras

Gastam-se, sim, meu amor. As palavras.
E precisam dos gestos. Do caminho cruzado que procuram os olhos. Os nossos.

É verdade o que me dizes? Perguntas-me nas pequenas e enxutas coisas. E surpreendo-me na inocência que se desprende dos teus olhos. Porque sempre te falo de palavra solta e inteira, aberta na luz que a tua vontade me acende.


(É verdade, sim meu amor. Como poderia eu falar-te de coisas que pudessem ser outra coisa?
Só de sonhos e de voos e nesses teremos de deixar as asas crescer em casulos só nossos.)


E têm ainda a mesma língua que falavam os antigos. Fala das mesmas coisas.
Só me acrescento nelas. Quanto sou e me dás.

Que assim não se gastem, se multipliquem e sejam as que inventarmos ainda no que ainda quisermos ser.
E ainda não sabemos.

Não as queremos gastas, queremos usá-las. Passar-lhes com os dedos nas manhãs frias e adormecê-las nas noites longas. Espreguiça-las de madrugada, tocarmo-nos com elas porque estamos lado a lado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário