quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

és a ilha


não havia ninguém para além de nós. gemia no ar uma velha canção em que habitávamos. éramos o refrão dorido que a guitarra deixava no ar. em cordas esticadas a gritar. e colávamo-nos ao ombro desboroado do tempo antigo. cuspo de ilusões a céu aberto. pés como chumbo em lodo, terra fingida, a levá-los por caminhos, onde cegos, nos desencontramos da luz que sabia as nossas histórias. somem-se as memórias na negrura. escorre no ralo do tempo a ternura que nos cobria a pele. na nudez enrugada encobre-se agora esta ânsia de longe e nunca. em lugares encobertos deixamos de ser. tu ausentas-te de mim. és a ilha a que um dia aportei.

viajo agora numa pauta em construção. despida, ainda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário