domingo, 18 de julho de 2010

O meu país?

O meu país? É a vida.
Cala-se e estende o olhar em frente para depois o baixar.

Nascera longe dali. Num sítio de que lembrava o nome porque constava dos registos. Cedo ainda, sem ter tempo de medir o espaço que a acolhera, partiu. Foi o inicio de muitas chegadas e partidas que lhe moldaram a forma de estar.
Onde chegava , bastavam-lhe pequenas coisas para daí se sentir. Uma pedra, uma flor já
morta, uma folha seca com cores de outono, uma pena perdida num voo qualquer.
Era a bagagem que carregava para lugares que sendo estranhos se tornavam familiares. Com pequenas coisas.
E assim abraçava o mundo, despida de quanto lhe era dispensável.


Tropeçava agora em meia duzia de coisas que armazenara numa vida passada em alguns lugares dispersos. Uma vida!

Não, não escolho lugar algum, encontro-me em todos eles. Só preciso de respirar, das memórias a fazerem-se futuro. Trago comigo todos os sítios que fizeram de mim o que sou.
Este país enorme a que pertenço. Esta vida que faço minha.

Baixa-se e agarrando a bagagem, prossegue caminho. Leve.

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