sexta-feira, 16 de julho de 2010

Recados

Era a olhar-te que queria dizer-te tudo o que me vai na alma. Assim, como se estivesse cega, tacteio-te as emoções. Adivinho-as rebuscando na memória o tempo em que estavas aqui.
Digo-te pouco a pouco como se fossem recados. Curtos, directos, sem rodeios. Tenho a certeza que os guardarás nalgum lugar dentro de ti. Para num dia qualquer os desembrulhares devagarinho, não se rasguem eles pelos vincos que o tempo tornou mais frágeis.

Queria tanto que não o deixasses para tarde! Que o fizesses num tempo em que ainda sentisses a minha voz nos teus ouvidos.

Temo que o bolor do tempo os cubra e percas os traços das palavras que neles desenhei.
Então, tudo será em vão.

E mesmo assim teimo: tu, surdo e eu cega.

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