domingo, 1 de agosto de 2010

Há muito tempo...

Há muito tempo que as lágrimas não lhe corriam face abaixo. E agora corriam sem parar. Toldavam-lhe a vista e aclaravam-lhe o entendimento.
Escondera de si o que agora não podia fazer mais. Na sua frente tudo se mostrava como realmente era. E era com isso que tinha de viver.
Percebia agora porque tinha perdido a pouco e pouco a luz, a vida e a garra que tanto lhe era característica. Anulara-se ao negar-se o que sentia.
Deixara de sentir.
A pouco e pouco apagaram-se do seu dicionário as palavras que temia dizer. Para não sentir. E assim perderam significado numa esquina qualquer da sua vida.

Agora ouvia-o com um sorriso que se ia apagando debaixo das lágrimas que lentamente, uma a uma lhe desvendavam o segredo de tanta alienação. Começava de novo a sentir.
E pedia forças ( há tanto tempo que não pedia nada!) para enfrentar a luz de tanto entendimento.

O casulo estava destruído. Não era uma borboleta feliz que de lá saía. Olhar o mundo desta maneira era ainda cedo. Era talvez já tarde. Um casulo em tempo algum resolve coisa alguma. E as borboletas não vivem por muito tempo sejam elas as mais belas ou as mais fortes.

Fossem as lágrimas o elixir da força já que foram a chave da verdade escondida dentro dum peito adormecido...

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