sábado, 31 de dezembro de 2011

Há despedidas ansiadas assim



Não havia na manhã sinais de partida, nem de quaisquer despedidas.
Ela acordou da mesma maneira. Espreguiçou-se nos primeiros raios de sol que bateram nas janelas ainda a gemer lágrimas da noite.

O frio doera-lhe nos ossos. Na alma também. E os olhos de muita gente não se fecharam. Abertos a olhar o escuro. Sequiosos da luz que demorava.
E não vinha. Nunca vinha. Mesmo que a manhã se fizesse no alto do céu.
Como se fez, a espreguiçar-se.

Desta vez, contavam as pessoas que se despedia e nada o podia dizer.
Não havia sinais. E ninguém sabia de quê.

Os olhos que não se fechavam nas noites de nada ver, cansados, hesitavam em adormecer.
E se a despedida fosse a promessa do sonho albergado na alma encolhida pelo frio?
E se a noite fosse a casa, o calor, a luz, a resposta ao que não perguntaram, o fim que não pediram, mas a vida que não tendo pedido afinal, era vida e não o que tinham?

Há despedidas ansiadas assim.

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