domingo, 23 de maio de 2010

O tempo


Era chegado o tempo de tudo voltar. Mesmo as coisas de que ela não gostava e sempre apareciam. Mas de forma diferente. Uma saudade insidiosa instalava-se de mansinho. A saudade de que ela fugia e se recusava a viver.

Sentada no café do costumo ficava a ver as pessoas passarem. Observava com minúcia todos os movimentos de quem via. Punha a imaginar-se histórias e divagava esquecendo-se de si. A seu lado sentou-se alguém que adivinhou ao sentir-se observada. Podia imaginar a vontade que ele tinha de a ver melhor. Tal como ela fazia com toda a gente. Desviou propositadamente o olhar.

À memória veio-lhe o dia em que se sentara em animada conversa no mesmo espaço com outro homem. O mesmo que agora viajava dentro dela e se insinuava a cada momento com a vontade de rever.
Desejou então que o tempo voltasse ao tempo em que todos os minutos eram eternos.
E o momento que agora lembrava fosse presente e futuro. Como só nas memórias acontecia.

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