segunda-feira, 28 de novembro de 2011

a vida não é um sonho

à luz tudo parece acordar-nos tanto que queremos adormecer e já cansados deixamos que aconteça. ainda caminhamos lado a lado e já não sigo o teu caminho. apenas adio os passos que ensaio nas noites em que te olho. remendo a remendo, colámo-nos, argamassa, porque nos queríamos assim. hoje somos pedaços de nada, vazios inquietos a ruir de silêncios na sede do que fomos.

tenho saudades do brilho dos teus olhos, do teu riso e do abraço que ainda não tinha e já sentia. e morria a correr na foz do teu peito. essa boca, tua boca, em mim respirava e devolvia mil vezes a vida que por ti perdia. tuas pernas nas minhas, o enlace perfeito, na dança que a música só nós dois sabíamos... ai há tanto tempo.

à luz, mesmo de olhos fechados a noite não acontece. e a vida não é um sonho.

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