segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Às vezes


às vezes apetece-me estender os braços e prolongar-me nos outros.

às vezes, na maior parte das vezes, deixo os braços cairem junto ao corpo e serem só extensão de mim na sombra que mesmo sem luz se inventa para lá do que sou.

é tudo quanto quero. nada mais me apetece.
custa-me já tanto ser tanto quanto sou que nem outra quero ou posso ser.

sou muitas vezes o que não sou. despenho-me nos outros despedaçada de mim.
deixo-me então acontecer. vagueio para longe de todos e de mim também. exilada por tempo indefinido em sítios que não são meus.
o meu lar não tem morada e nunca me sentirei perdida. voltar é um verbo que a minha boca não pronuncia. calada.

o meu destino é ter e não ter. às vezes.

sim. de vez em quando sinto o peso da solidão nos meus braços. quando eles se baixam pesados e não agarram ninguém.

mas também lhes sinto a leveza. quando ganham asas e os sinto voar. posso levantar os braços ao céu. e sinto o vento. e sinto o sol. e a liberdade.

sou feliz!

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