quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Esta noite

Perfumei-me e deitei-me como quem se deita com alguém.

Na cama que encontrei vazia, adivinhei as rotas do sono dele nas rugas dos lençóis. Não havia memórias do seu corpo na forma vazia deixada no colchão.

Juntei os braços no peito num abraço onde já não cabe ninguém.
Aninhada deixei que o sono fizesse pesar as pálpebras e se alojasse dentro de mim.

Estava esgotado o tempo das lembranças.
Todos os sinais estavam já apagados. Dentro de mim, as sombras.
Era tempo de guardar.
A pouco e pouco, com o fechar dos olhos, viajou para onde devia o que restava dele em mim.

E tu, viste-me dar-lhe o ultimo aceno.

Um comentário:

  1. Adoro a forma como escreves, como dás nome aos sentimentos e emoções........

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