domingo, 25 de abril de 2010

Daquela vez

Daquela vez era só mais uma vez. Não podia ser doutra forma.
E quando ela se afastou de novo, tudo ficou diferente. Não fora mais uma vez mas sim o reacender de velhas memórias e acordar dum sentimento que julgava adormecido. E tudo voltava ao principio.
Com ele era tudo fácil. Como se cada um fosse parte do outro.Um a pergunta, outro a resposta.
Os gestos trocados faziam parte duma dança que coreografavam a dois, em sintonia. O desejo, a melodia que se acendia na troca dum olhar. E uma sofreguidão imensa a fazer-se leito onde corria um rio com ânsias de mar.
Depois falavam de coisas banais e afastavam de si o que os juntava. Faziam-se fortes e escondiam no interior em sobressalto a vontade de permanecer assim por tempos que não eram do tamanho dos que tinham. Queriam-nos maiores e deixavam-nos sufocar num peito que ameaçava tempestade.
A realidade chamava-os e impedia-os de sonhar. De querer mais.
Despediam-se com o peito em brasa e nunca sabiam até quando.
Daquela vez doeu mais a partida. Cravava-se já no desejo a vontade de voltar.
De nunca partir.

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