segunda-feira, 5 de abril de 2010

Para bem longe...

Leva-me para bem longe daqui. Para um lugar onde possa respirar. Rouba-me a este lugar onde já não caibo.
Aqui definho. Faltam-me horizontes por desvendar, sonhos por sonhar.
Morreu parte de mim, a que sabia inspirar e expirar. A que me fazia abrir asas e voar.
Leva-me e ensina-me a fazer tudo de novo.

Ele levou-lhe um dedo à boca e -la calar-se. Estendeu-lhe a mão que agarrou a sua e puxou-a até si. Vem! Vem comigo. Deixa-me fazer-te evadir deste sítio em que te deixaste ficar. Sei de gestos e palavras, sei de lugares e de cheiros que te farão renascer. Abandona-te aos meus cuidados. Mesmo que só por uma vez. Adia a morte que carregas para quando ela vier.

Ele levou-a. Ela foi. O caminho fez-se de passos lentos e ritmados. Mas de ânsias de liberdade.
Mais tarde ambos levantaram voo para lá de tanto peso que finalmente deixou de ser fardo.

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