sábado, 10 de abril de 2010

Fosse como fosse

Andava também por ali de máquina a tiracolo. Como todos os turistas. Tinha parado para se refrescar e notara a sua presença. Estava sozinha, sentada a uma mesa. Aproveitava todos os instantes para fazer fotografia. O seu olhar não parava quieto. Como se não o pudesse fazer. À sua frente a bebida permanecia inteira. Decidiu aproximar-se.
Surpreendeu-a enquanto ela fotografava dois transeuntes apressados carregados de sacos. Posso sentar-me? Perguntou-lhe quase em surdina num inglês imperfeito. Ela anuiu surpresa mas com um sorriso. Juntou a sua bebida à dela e perguntou-lhe de onde era. Descobriram que falavam ambos a mesma lingua e que ambos estavam à descoberta. Espreitaram as fotografias um do outro. Riram-se de coisas sem importância.
Continuaram a viagem acompanhados até o sol se ir embora. Veio a lua e as estrelas também vieram. Não as contaram mas souberam assim que no dia a seguir podiam continuar viagem. O tempo estaria bom. Ditava-o o céu. Só não lhes disse se iriam continuar juntos ou se cada um iria para seu lado.
Quando adormeceram ela tinha-o guardado na sua máquina fotográfica. Ele também.
Fosse como fosse ninguém lhes tiraria o que ambos tinham tido e podiam assim guardar.

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