quinta-feira, 25 de março de 2010

A dois


Era o tempo e a distância que os afastava cada vez mais. E, no entanto, em tanto espaço crescia um amor que não se explicava. Enchia o peito de tal forma que mais nada nem ninguém lá entrava. Ela já nem entendia como podia ser assim se um dia se tinha despedido dele. Sentira então que tudo tivera o seu final. Enterrara aquilo que não deixara viver. Mesmo assim de tempos a tempos deixava-se revisitar por aqueles sentimentos que julgava para sempre enclausurados no passado. E como desejava avançar! Perder-se de vista de tudo quanto vivera para poder de novo respirar sem desejar senti-lo de novo. Encher a memória de novas canções e outros trajectos, desejar outros abraços e afectos. Querer, sentir por outro o que por ele ainda sente e não quer mais.

Era o tempo e a distância que os aproximava cada vez mais. Porque se deixavam viver na eternidade das memórias. E as memórias não se compadecem de finais que afinal não o são.

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