segunda-feira, 29 de março de 2010

Podia


Podia percorrer ainda os mesmos caminhos. Fazê-lo nas mesmas horas. Com o mesmo propósito.
Podia continuar a imaginar-te de mãos nos bolsos caminhando tranquilamente nos mesmos fins de tarde , fizesse o tempo que fizesse. Podia, meu amor.

Tenho ainda o rio e o cheiro a mar ali tão perto. O roncar do farol ou o coro das gaivotas atrás dos barcos que chegam da pesca. Todas as histórias vividas pelos personagens que te acompanhavam nesses passeios solitários e te faziam regressar em paz a tua casa.
Não fora a doença traiçoeira e ainda te veria por ali. Como vejo todos os anos florescer a Primavera e entardecer o Outono em cada árvore que te amparou ou deu sombra.

E tenho de te deixar ir.
Um dia quando te souber chorar. Talvez assim te vás no caudal das lágrimas que, então consiga deixar cair destes olhos que teimam ainda em querer-te ver.

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