sexta-feira, 19 de março de 2010

Por agora

Vi-a chorar baixinho. Esperava que ninguém a ouvisse.
Lá fora a chuva caía teimosamente. O sol esquecera-se de aparecer. Há muito que faltava. Todos nós lhe sentíamos a falta. Ela mais ainda.

Era o movimento dos ombros que a denunciava. De costas voltadas para nós olhando o horizonte que se estendia até perder de vista deixou as lágrimas cair uma a uma. Apeteceu-me tocar-lhe de mansinho mas denunciá-la-ia.

Percebia-lhe a dor porque lhe vira crescer o cansaço dia a dia. Sabia da torrente enorme que lhe crescia sem parar. Pudesse eu ser mar onde desaguasse tanta dor e sê-lo-ia.

Por agora, testemunha só.

Mais tarde, a seu tempo, o que de mim ela quisesse.

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