quarta-feira, 10 de março de 2010

Oh! Rosinha.


"Oh! Rosinha, Oh! Rosinha do meio.
vem comigo malhar o centeio.
O centeio, o centeio, a cevada.
Oh! Rosinha minha namorada."
O efeito era um sorriso certo e aberto e tu sabia-lo. Era a cantiga que me ligava a ti e às recordações de coisas boas. Nada havia a temer. Estava em segurança. Sabia-o a partir desse momento. Tu estavas lá.
Quando não estavas, trauteava-a baixinho e imaginava-me a teu lado. Não precisava de mais nada. Esquecia o tempo a passar e a razão de ficar fechada um dia inteiro. Não entendia os motivos de tais exilios e afundava-me naquela melodia.
Viajava então numa estrada de paralelepípedos e deixava a voz tremer nos solavancos quase ritmados. Era uma cantora de ópera e tu o meu público. Não havia solidão que aí chegasse.
Não existe solidão quando se vive na memória de alguém.
Agora?
Vou trautear de novo o que nunca esqueci.

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